Intencionalidade
O Ativo Mais Escasso em um Mundo Abundante de IA
Em um céu estrelado, focar na Estrela Guia é mais desafiador, como capturar a atenção limitada das pessoas em uma era de conteúdo ilimitado. É um desafio que temos enfrentado na era digital há anos. As marcas sentiram na pele, pois se tornou muito mais difícil captar os olhares dos consumidores. Para nós, indivíduos, é constante a sensação de que um enxame de mosquitos está zumbindo em nossos ouvidos enquanto tentamos ler um texto curto.
IA invade as empresas
Este problema está entrando nas portas da frente das empresas e pisando em um tapete vermelho. Grandes Modelos de Linguagem como o GPT deram início a uma era de fácil geração de conteúdo infinito. Clique, e você escreve aquele e-mail impecável. Seu colega não quer ler tudo? Clique, e está resumido. O chefe pediu um uma apresentação? Clique, clique, e ele estará quase pronto. Anotando em uma reunião? Não! A IA faz isso. Todas essas tarefas pesadas estão se tornando moleza.
Estudos estimam que essas tecnologias aumentarão a produtividade dos funcionários em 10% a 40%. É por isso que estão sendo vistas pelas empresas como Moisés dividindo o Mar Vermelho da ineficiência. No entanto executar tarefas mais rápido não é suficiente.
O verdadeiro ouro em um mundo de IA
Um deserto cresce em um oceano de conteúdo gerado ou consumido com pouca ou nenhuma intenção. Um vazio de intencionalidade. Eficiência é crucial para resolver problemas urgentes em nossas empresas e nosso mundo. Nosso planeta está se tornando inabitável mais rápido do que nunca, então velocidade na solução de grandes problemas é uma questão de vida ou morte. Mas acelerar sem clareza de direção só nos levará para mais longe de nosso destino.
Efetividade será o ativo escasso final na empresa impulsionada pela IA. Isso quer dizer que intencionalidade será a chave para alinhar o trabalho diário da empresa à sua missão, estratégia e táticas para alcançar seus objetivos.
Este é um desafio no qual nós humanos temos sido estranhamente muito ineficientes. Uma pesquisa de 2021 da ASANA revelou que os trabalhadores do conhecimento gastam 58% de seu tempo coordenando o trabalho. Isso deixa 42% realmente para realizar tarefas. Ou seja, gasta-se mais tempo alinhando intenção a ação do que efetivamente executando as ações.
A preocupação do alinhamento da IA
No entanto, alinhamento não é apenas uma fragilidade das equipes de uma empresa. É o calcanhar de Aquiles da própria IA. É a base de todas as preocupações existenciais sobre sua ameaça potencial à humanidade. Embora o apocalipse não seja o tema deste artigo, ele retrata a IA como uma moderna Caixa de Pandora para a qual 'intenção' é a chave para mantê-la segura, bem como para liberar o poder dentro dela.
Uma tecnologia que inicialmente nos deslumbra com seu brilho logo revela que extrair seus resultados mais notáveis depende de dominar a arte sutil de transmitir intenção. Um ofício agora reconhecido como 'engenharia de prompt'. Desbloquear o profundo potencial da IA gerativa depende de nossa capacidade de esculpir os prompts perfeitos que guiarão o algoritmo para ressoar harmoniosamente com nossas aspirações.
Estamos navegando no reino dos algoritmos aqui, veículos projetados para impulsionar nosso potencial. Ainda assim, quando nossa capacidade de pilotá-los com intenção clara falha, eles podem parecer se transformar em bestas alucinadas, nos lançando na névoa temerosa de nossa própria impotência.
Intenções das empresas guiando a IA
As empresas também são veículos, e sua jornada atualmente não é nada como o mar aberto sereno sob céus claros. É mais como navegar por fiordes estreitos em uma tempestade. Simplesmente adicionar a potência da IA aos seus motores não os levará automaticamente a um porto seguro mais rápido. Pelo contrário, colocará um peso extra nos ombros dos pilotos, exigindo mais foco em ajustar o leme e alinhar a tripulação com a bússola da intenção.
Imagine nossa tripulação impulsionada pela IA dobrando a velocidade do trabalho feito nos 42% do tempo em que não estão coordenando tarefas. Levaria apenas 21%, e o comando da embarcação logo os ouviria novos pedidos de orientações para mantê-la no curso. Ou seja, o aumento da eficiência geraria um percentual ainda maior de tempo gasto em alinhamento.
Nossa natureza humana contra a intencionalidade
Como agravante, uma bagagem pesada de nossa humanidade torna dura a tarefa de manter o foco em nossas intenções de alto nível. Nossa mente fica turva quando pensamos em metas para definir nosso destino. Imagine que uma startup ainda sem faturamento precisa definir uma meta de receita para o ano. Quanto é viável e ainda desafiador? R$ 1 milhão? R$ 200 mil? Decisão difícil.
Traçar um curso claro para alcançar tal meta, dividida em menores pontos de controle, não é menos árduo. Quanto temos que trazer no primeiro trimestre? O que temos que alcançar no primeiro mês?
Quando se trata de navegar em nossas tarefas diárias, é fácil abaixar a cabeça e perder de vista o destino pretendido. O que devo fazer nesta semana para estar no caminho certo para essa meta de receita? A resposta é muito menos óbvia do que emitir R$ 4 mil em faturas. Ligações de vendas, entrevistas e campanhas de marketing podem ser todas tarefas diárias relacionadas a esse objetivo de longo prazo, embora essa conexão possa não ser óbvia.
Nossos vieses cognitivos capturam a intencionalidade de nossos dias. Nosso calendário, por exemplo, dificilmente reflete nossos objetivos. Nossa mente nos engana fazendo com que o vejamos como um jogo de tabuleiro cujo objetivo é preencher todos os espaços em branco. Se alguém nos convida para uma reunião, nosso cérebro emocional reage primeiro. Imediatamente nos perguntamos se essa pessoa é agradável ou importante para nós. Podemos aceitar o convite por medo de desagradar essa pessoa. Se aparece aquela festa imperdível a qual todos estão indo, é praticamente impossível domar nosso comportamento de manada.
Hábitos são um sistema de "piloto automático" com que nossa evolução nos presenteou. Servem para evitar desperdiçar energia prestando atenção em tudo o que fazemos. Mas eles se tornam uma armadilha ao nos fazer ler todos os nossos e-mails e mensagens e respondendo sim a pedidos de reunião sem pensar se isso se alinha com o que buscamos.
Usamos a escala errada para pesar a importância fundamental de cada surpresa que encontramos em nosso caminho, divergindo da direção real que inicialmente definimos para nosso curso. Com a IA facilitando a geração de conteúdo dentro de nossas empresas, enfrentamos uma maré mais forte contra, que dificulta manter a rota mais direta em direção ao nosso destino.
Talvez haja uma maneira de evitar as armadilhas externas e internas que nos impedem de focar intencionalmente nosso trabalho diário e nossas vidas em nossos objetivos reais.
A solução
Para navegar neste vasto oceano de informações, devemos utilizar a própria ferramenta que o cria: a IA. A intencionalidade, mais uma vez, é a chave de ouro que destranca a porta para o sucesso. Em minha empresa, a Pannacotta, desenvolvemos software que usa IA para ajudar a esclarecer objetivos de médio e longo prazo e construir pontes entre essas aspirações e tarefas diárias. Essa conexão habilita as equipes a garantir que o trabalho de cada dia as leve mais perto de seus objetivos.
Por muito tempo, as redes sociais exploraram o aprendizado de máquina para raptar nossa atenção e nos desviar de nossas verdadeiras intenções. Agora, é hora de usarmos esta tecnologia para aprimorar nossa capacidade de traçar nosso curso e permanecer nele.
Vamos enfrentar o desafio de integrar a bússola da intencionalidade com as poderosas velas da IA. Vamos mirar no horizonte, preparar nossa tripulação e guiar nossa embarcação para um futuro que deliberadamente traçamos, onde nossos esforços diários se alinham perfeitamente com nossas maiores aspirações.